A arte do grafite

16/03/2014 21:39

 

 

Grafite: arte que transforma as ruas em museus a céu aberto

  

 

 

               Passeando pelas ruas de Goiânia, não é difícil encontrar diversas cores que tomam conta de muros de instituições públicas e privadas. A arte do grafite passa a fazer parte do cotidiano dos goianienses, transformando a cidade em um verdadeiro museu de arte moderna a céu aberto. Esta expressão artística foi a forma encontrada por muita gente para evitar as famosas pichações em residências e comércio. Assim, os rabiscos pretos, muitas vezes, sem nenhum sentido, passam a dar lugar para formas, desenhos e cores.

               Expressões de grafite podem ser encontradas e apreciadas nos canteiros de obras de diversos edifícios da capital. Diversas construtoras alegam que transformar os conhecidos tapumes em verdadeiras obras de arte auxilia inclusive no trabalho dos operários da construção civil. O senhor Sebastião, que trabalha em uma construção na Praça do Sol, confirma essa constatação. “ A gente passa a maioria do tempo olhando apenas para cimento, cal, cores cinzas e frias. O grafite parece trazer mais alegria para o dia a dia”, finaliza.

               Atenta a essa nova realidade, a prefeitura de Goiânia, por meio da Secretaria Municipal de Indústria e Comércio, também decidiu fazer uso do grafite para revitalizar o Mercado Municipal da Rua 74, o conhecido Mercado Popular. O local que antes estava com as paredes todas pichadas e desbotadas, agora exibe pinturas que retratam a cultura e a tradição goiana. Desenhos dos ipês, da cultura e dos monumentos históricos da cidade chamam a atenção de quem passa pelo centro da capital. Os comerciantes do mercado aprovaram e afirmam que o Mercado se transformou novamente em um ponto turístico goianiense. O senhor Francisco, que possui uma loja de variedades no mercado, diz que até os motoristas diminuem a velocidade dos carros para observar as pinturas nas paredes. “ Todo mundo aprovou a revitalização do mercado, os comerciantes e a população em geral. Ficou muito mais bonito e inclusive, auxiliou o aumento das vendas do comércio. As pessoas param para observar e acabam comprando alguma coisa, diz.”

               O responsável pela pinturas do mercado foi o grafiteiro Vic­tor Hugo Vho , que juntamente com seus sócios, já realizou diversos trabalhos realizados em espaços públicos na capital.A equipe já empreendeu trabalhos na fachada da Federação da Agricultura e Pe­cuária de Goi­­ás (Faeg), no Palácio da Cul­tura, na fachada do Grupo Jai­me Câmara (GJC), no Restaurante La Eskina, em colégios, e postos de gasolina.

Victor Hugo diz que embora ainda haja preconceito em relação ao trabalho dos grafiteiros, essa expressão artística tem sido cada vez mais aceita no Brasil

 

A história do grafite

               O primeiro artista conhecido deste fenômeno foi o Jean-Mi­chel Basquiat, que deixava mensagens poéticas em prédios a­bandonados de Ma­nhattan. De­pois, ga­nhou o rótulo de ne­o­ex­pressionista e foi reconhecido como um dos mais significativos artistas do final do século XX.

               Em nível mundial, o aparecimento do grafite surgiu na década de 1970, em Nova York, nos Estados Unidos. Jovens começaram a deixar suas marcas nas paredes da cidade e, algum tempo de­pois, essas marcas evoluíram com técnicas e desenhos.
O grafite foi introduzido no Brasil no final da década de 1970, em São Paulo. Os brasileiros não se contentaram com o grafite norte-americano, então começaram a incrementar a arte com um toque nacional. O estilo é reconhecido entre os melhores do mundo.

O grafite brasileiro se tornou internacionalmente conhecido, tanto que, em 2007, quatro grafiteiros brasileiros foram contratados pelo Conde de Glasgow, na Escócia, para pintar a parede externa de um dos castelos históricos mais importantes do país.

 

 

Grafite x Pichação

Existe uma grande diferença entre grafite e pichação. A diferença é que grafite é considerado uma arte de rua, já a pichação não é considerada uma arte, e sim uma atitude de vandalismo. A pichação é prevista como crime no artigo 65 da Lei dos Crimes Ambientais, número 9.605/98, estabelecendo punição de três meses a um ano de prisão e pagamento de multa.

As pessoas que têm o costume de pichar, disputam com outros pichadores para saber quem picha mais alto. Por isso, muitos prédios, praças,  edifícios públicos e privados são alvos da ação dos pichadores. 

 Uma solução criativa para evitar a pichação é transformar os muros de edifícios em telas de arte.  Outra medida para acabar com a pichação é levar os pichadores para conhecer a arte. Então é aí que aparece o grafite. 

Os grafiteiros levar os pichadores para o caminho da arte.